quarta-feira, 9 de junho de 2010

A LINGUAGEM CORPORAL

A arte da dança atrai cada vez mais pessoas que buscam na expressão corporal um meio de vida

Por Marcos Rufino
Embora a dança não seja a principal forma de expressão artística no Brasil, como a música, ela tem atraído muitos particantes devido a sua capacidade de desenvolvimento educacional e comportamental do ser humano. Academias multiplicam-se e talentos são expostos para o mundo, ganhando reconhecimento em companhias de renome.

Segundo Simone Sant'Anna, 34 anos, 23 dedicados a dança, diretora artística da Escola de Dança Pulsarte, a dança auxilia a complementar todos os aspectos do desenvolvimento humano, tanto no aspecto cultural, quanto no social. "Na área cognitiva a pessoa que dança terá condições de ampliar o raciocínio lógico, trabalhar conceitos como velocidade, tempo, força e volume", confirma Simone.

Para Patrícia Rizzi, 32 anos, professora de circo e Jazz da Pulsarte, a dança auxilia principalmente na formação de caráter, na disciplina, na superação dos limites e no convívio em grupo. "A arte trabalha a mente, a criatividade, a sociabilidade, os sentimentos e simplesmente traz uma sensação de bem-estar pleno", afirma Rizzi.
Mas para chegar a um estágio avançado de dedicação e profissionalismo, muitos sacrifícios são feitos e muitos obstáculos têm que ser enfrentados. "Precisa de muitas horas de treino, aulas e ensaios, muito empenho e gostar muito do que faz", comenta Rizzi. "No Brasil temos pouquíssimos incentivos à qualquer tipo de arte, então é necessário estudar muito, ser dedicado e, principalmente, disciplinado", acrescenta.

Roberto Amorim, 39 anos, diretor, coreógrafo e bailarino do Sopro Cia. de dança, diz que desde pequeno queria ser artista e viu que na dança ele teria todos os requisitos para ser um artista completo. " Ela (a dança) é mais que uma profissão. Gosto de estar no palco, de ensinar, coreografar, dançar".

No entanto para a dança se tornar realidade na vida de Amorim, ele teve que batalhar e enfrentar por vezes preconceitos na sociedade, mas nada que não pudesse superar. "Lá no íntimo e no mais profundo de qualquer ser humano, todos carecem de dançar e querem muito, mas são vencidos pelo medo e preconceito", diz Amorim, completando, "quando encontram alguém que venceu todos os preconceitos, medos e desafios que a dança oferece, esses são os primeiros a aplaudir o artista".

A rotina é dura e cansativa, mas sempre vem acompanhada do prazer. Roberto Amorim trabalha seis horas por dia no Sopro e a noite ministra aulas de dança contemporânea e ballet clássico nas escolas Ballet Sopro e Pulsarte, cada aula com duração de uma a uma hora e meia.

Quem se dedica à dança também precisa ter uma boa alimentação, devido a energia gasta nas aulas. Amorim revela que para evitar contusões, ele recomenda sempre fazer o trabalho de aulas e alongamentos, para manter o físico sempre preparado para qualquer esforço.

A dança ainda encontra muitos percalços para se firmar no Brasil, ao contrário de países europeus que valorizam bastante os profissionais da dança. Para Christiane Araújo, 32 anos, professora de dança contemporânea, falta incentivo de cultura e educação para todas as classes econômicas do país, "que a dança fosse uma realidade para todos".

Realmente a dança deveria ser mais bem valorizada, devido a tantos benefícios que ela dá e o essencial a poesia que ela possui. Na opinião de Patrícia Rizzi a arte é muito mais: "Foi na dança que eu me encontrei e é através da dança que eu vivo, que eu aprendo, ensino, amadureço, erro, choro, me divirto". Como se já não bastasse ela complementa, " a dança é parte do que sou".
Créditos da foto e entrevistas: Gabriela Reis - Assessoria de Imprensa da Pulsarte.